Quando se fala dos mais ferozes predadores extintos, dinossauros geralmente vêm à mente, especialmente o famoso T. rex. Mas o que caçava na terra antes dos dinossauros? Cientistas encontraram um fóssil de 265 milhões de anos atrás no Brasil que lança luz sobre um predador pré-dino que te faria tremer nas botas. A espécie, Pampaphoneus biccai, é um dinocefaliano (do grego para “cabeça terrível”) que antecede os dinossauros em 40 milhões de anos.
Dinocefalianos são um grupo de animais que se extinguiram durante um evento de extinção em massa por volta de 260 milhões de anos atrás (o evento que apagou os dinossauros aconteceu cerca de 65 milhões de anos atrás). Em um comunicado na terça-feira, a Universidade de Harvard descreveu esta cabeça terrível em particular como “o maior e mais sanguinário comedor de carne de seu tempo.” O crânio fossilizado de Pampaphoneus biccai está lindamente preservado e destaca os dentes terríveis do dinocefaliano.
Uma equipe internacional publicou um artigo sobre a descoberta no Zoological Journal of the Linnean Society mais cedo nesta semana. Os pesquisadores encontraram um crânio fossilizado completo, junto com algumas costelas e ossos do braço. É a única espécie de dinocefaliano conhecida no Brasil. Fósseis de outras espécies já foram encontrados na Rússia e na África do Sul.
O impressionante crânio revela um grande predador terrestre com dentes afiados. “Este animal era uma besta de aparência sinistra, e deve ter invocado puro medo em qualquer coisa que cruzasse seu caminho”, disse a co-autora do estudo Stephanie Pierce, paleontóloga do Museu de Zoologia Comparativa de Harvard. Uma ilustração de um artista mostra um dinocefaliano com corpo robusto e réptil e dentes impressionantes.
Muito pode ser inferido dos restos parciais. O crânio media 16 polegadas de comprimento (ou seja, 40 centímetros). Os pesquisadores dizem que o Pampaphoneus poderia pesar até 880 libras (400 quilos) e atingir um comprimento total de quase 10 pés (3 metros). Isso está ao nível de alguns ursos polares. O paleontólogo e co-autor Felipe Pinheiro, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), comparou o nicho ecológico do Pampaphoneus biccai ao dos grandes felinos nos tempos modernos.
“Sua dentição e arquitetura craniana sugerem que sua mordida era suficientemente forte para mastigar ossos, muito como os hienas modernas”, disse Pinheiro. Extrair o crânio foi uma tarefa meticulosa. Pinheiro compartilhou um vídeo no X, anteriormente o Twitter, mostrando a preparação do fóssil com a delicada remoção da rocha circundante. Todo o trabalho empregado em descobrir os restos do dinocefaliano pagou em um entendimento mais profundo das características e comportamento do animal.
Os pesquisadores suspeitam que até localizaram parte de sua presa em fósseis próximos, incluindo um de um grande anfíbio. Disse Pierce: “Sua descoberta é fundamental para fornecer um vislumbre da estrutura comunitária dos ecossistemas terrestres bem antes da maior extinção de todos os tempos.”