Os fabricantes de chips como a Google e a Qualcomm sugerem que 2024 será o ano da Inteligência Artificial nos dispositivos móveis. No mês passado, durante sua reunião anual de executivos, a MediaTek, produtora de silício presente em milhões de celulares e dispositivos inteligentes, destacou as vantagens de usar a IA Geracional nos telefones. Por exemplo, obter respostas e sugestões mais personalizadas mais rápido do que com soluções baseadas em nuvem, com poucas formas como a tecnologia tornará os telefones muito melhores. Mas há algumas utilizações concretas no horizonte, explicou David Ku, diretor financeiro da MediaTek. A Vivo terá um telefone saindo no próximo ano com um recursos que gravará uma reunião, a transcrevrá e fornecerá um resumo, o que poderia ser utilizado em salas de diretoria sensíveis, já que o processamento é feito no próprio dispositivo. “Se for uma reunião privada, você pode manter as informações confidenciais. Você não quer enviar essa gravação para a nuvem, então pode fazer no dispositivo”, disse Ku.
Dois recursos sugeridos por Ku que utilizariam a IA Geracional eram remover objetos indesejados em fotos, assim como o recurso “Borrachinha Mágica” do Google funciona nos celulares Pixel (e no serviço de armazenamento de fotos na nuvem Google One), e rascunhar texto automaticamente para acompanhar fotos a serem postadas em redes sociais. O Dimensity 8300 da MediaTek inclui IA Geracional para celulares abaixo da linha de topo. Ku também observou como a IA Geracional poderia melhorar os recursos de assistentes pessoais dos telefones com sugestões contextualizadas. Se você está atrasado para uma reunião e o telefone pode dizer que não vai dar tempo, ele poderia oferecer enviar uma mensagem aos outros avisando que você está a caminho. E se o telefone estiver no modo silencioso, mas uma mensagem urgente chegar no email, o assistente pode avisá-lo de qualquer forma.
Os dois novos chips para celulares da MediaTek, o Dimensity 9300 para aparelhos de ponta e o Dimensity 8300 para dispositivos menos premium, ambos contam com IA Geracional embarcada, mas a empresa apenas divulgou desempenho para o primeiro, afirmando ser capaz de gerar uma imagem usando o Stable Diffusion em menos de um segundo e rodar modelos de IA com 7 bilhões de parâmetros por segundo a 20 tokens por segundo. O Snapdragon 8 Gen 3 pode atingir a mesma taxa de tokens por segundo, mas a métrica não tem muitas comparações além da IA embarcada para chips de PC da Qualcomm (30 tokens por segundo). Já o Dimensity 8300 menor é capaz de lidar com modelos de aprendizado de linguagem com até 10 bilhões de parâmetros, enquanto o Dimensity 9300 alcança LLMs de até 33 bilhões de parâmetros.
Além dos celulares, a MediaTek espera que a IA Geracional possa um dia auxiliar no espaço automotivo. Após reafirmar parceria com a produtora de GPUs Nvidia no palco da reunião, a empresa especulou que carros poderiam usar a tecnologia juntamente com câmeras externas para identificar objetos à frente e, associada a gestos, clarificar algo na distância ao que o motorista aponta. Veículos ainda poderiam notar direção errática e perguntar se o motorista está sonolento, ou alertá-lo quando o sinal abrir. O assistente pessoal também poderia ser útil no automóvel, observou Ku. Em dias quentes, onde os carros aquecem rapidamente, os motoristas geralmente ligam o ar-condicionado ou baixam o vidro imediatamente depois de ligar o veículo, mas a IA poderia notificar quando as coisas esfriaram e sugerir fechar os vidros ou diminuir o ar-condicionado. E se encontrarem trânsito a caminho de uma reunião, o assistente poderia mandar uma mensagem avisando outros participantes do atraso.
Enquanto os dispositivos podem usar a IA Geracional sem se conectar à internet, há benefícios em melhorar a conectividade às redes e entre os aparelhos. Os primeiros chips da MediaTek com suporte a Wi-Fi 7 foram lançados no ano passado, e os deste ano aprimoram a tecnologia – porém a empresa vislumbra ir além. O RedCap 5G aproveita as vantagens de baixa latência e custo reduzido das redes 5G móveis, permitindo dispositivos mais baratos que ainda assim se beneficiam da tecnologia de nova geração. E no futuro, a conectividade pode ter integrações com a IA embarcada à medida que a tecnologia se espalha pelos lares em computação ambiental, onde os dispositivos inteligentes da casa usariam as preferências do usuário para modelar automaticamente o ambiente.