Comprei o primeiro telefone Android de todos os tempos. Não foi bonito, mas adorei –

  • O autor foi um dos primeiros no mundo a usar o Android quando completou 15 anos
  • Seu primeiro smartphone foi o T-Mobile G1, o primeiro android do mundo
  • Ele conta sua experiência inicial com o T-Mobile G1 e o começo da jornada com o Android
  • Tive um orgulho não tão secreto. O Android está completando 15 anos e eu fui uma das primeiras pessoas no mundo a usá-lo. Na verdade, o primeiro telefone Android do mundo foi também meu primeiro smartphone. Desde então mudei para o universo da Apple e passei a usar o iPhone, mas o nerd de gadgets em mim ainda guarda carinho por aquele bloco de botões pesado e quartado que foi o meu primeiro celular.

    Hoje, os celulares Android literalmente estão em todo lugar. Como nota minha colega Jessica Dolcourt em sua retrospectiva sobre o Android, 70% dos celulares no mundo usam o software do Google, não da Apple. Mas em 2008, quando o T-Mobile G1 foi lançado (conhecido como HTC Dream em alguns lugares), tanto o G1 quanto a plataforma móvel do Google eram uma alternativa maluca em relação ao domínio do novo iPhone.

    Nesses primeiros dias, usar um T-Mobile G1 me fazia destacar do grupo. O iPhone, que havia sido lançado em 2007, foi o primeiro smartphone moderno e todo mundo queria um. Era um símbolo de status. Vendia em massa. Cerca de um ano e meio após seu lançamento, comecei a sentir a inevitável vontade de comprar um smartphone para mim. Mas não o “mágico” iPhone. A Apple trabalha com jardins murados e o Android prometia liberdade para brincar, do mesmo jeito que fazia no meu PC Windows. A AT&T tinha exclusividade do iPhone e eu era assinante antigo da T-Mobile, na época em que os contratos de celular ainda importavam. Considerando o custo do contrato de dois anos exigido por cada operadora, o G1 da T-Mobile ficava bem mais barato que o iPhone da AT&T.

    Do momento em que peguei o bronzeado G1 na loja da T-Mobile em Greenpoint, Brooklyn, fiquei viciado. Aquela coisa era suprememente nerd, o antítese do esbelto iPhone em tantos aspectos: quartado e grosso, com um estranho (adorável para mim) queixo que interrompia o perfil retangular típico. Tinha todos os extras: um slot para cartão microSD para memória expansível, uma bolinha clickável no meio do queixo para navegação e seleção, botões dedicados para Home, Back e Menu e ainda mais botões para fazer chamadas e tirar fotos. E dizia “Google” atrás.

    Claro que o G1 tinha tela sensível ao toque também, mas a melhor parte era o teclado físico deslizante. Eu realmente me sentia superior aos usuários de iPhone com aquilo. Aqueles minúsculos teclados virtuais, que tomavam metade da tela, pareciam impossivelmente lentos e cheios de erros em comparação ao glorioso, totalmente iluminado e táctil poderoso teclado QWERTY de cinco fileiras (com teclas numéricas!) que se revelava quando deslizava a tela do G1.

    Eu amava como a tela automaticamente mudava para paisagem quando abria o teclado. Eu amava o som substancial e satisfatório do “snick” quando ele emergia. Eu até amava como ficava fisicamente maior, como um mini computador. Na época parecia o gadget definitivo e em muitos aspectos era. Nunca tendo tido um smartphone antes, fiquei impressionado com sua utilidade, a câmera, a capacidade de GPS e navegação passo a passo – toda a complexidade maravilhosa em um pacote compacto e portátil. Quartado? Sim. Queixo? Sim. Atração nerd? Sim sim. O Gmail funcionava lindamente no meu celular, com todas as funções como marcação e arquivamento que tinha no PC. Também amava os widgets de tela inicial como a barra de buscas do Google e poder puxar o topo da tela para notificações, como novos textos e emails, era ótimo.

    Às vezes ganhava olhares curiosos das pessoas quando tirava aquele celular pesado para fazer chamadas ou digitar textos, mas era Nova York e todos estavam familiarizados com iPhones e BlackBerrys. Na maioria das vezes as pessoas não pareciam notar ou se importar. Eu jogava muito no G1, de Bonsai Blast a Doom a Chrono Trigger, e o teclado era útil em muitos deles. Jogos apenas para toque na época tinham controles desajeitados sobrepostos na tela, mas alguns jogos para o G1 mapeavam os controles para os botões, como um teclado de computador, o que deixava a tela inteira livre para o jogo. Podia atirar com a barra de espaço e usar WASD para me mover.

    Lembro que o universo de apps do Android sempre pareceu um passo atrás do da Apple, especialmente no começo. Os aplicativos para o sistema eram escassos na época e meus amigos do iPhone tinham apps e jogos (como Angry Birds) que eu não tinha. Eu justificava a falta dizendo a mim mesmo que a maioria das coisas que eu queria fazer, como ler notícias e fóruns, podia fazer no navegador do celular. Hoje, olhando de um mundo onde os apps mandam e o navegador engole, rio do eu tolo de antes.

    Eventualmente superei o T-Mobile G1 e mudei para outro celular Android maior, o Samsung Vibrant. Esse era a versão da T-Mobile do primeiro Galaxy S e superava o já velho G1 com uma tela maior e muito melhor, OLED, mas sem teclado. Nessa época tinha abraçado a legalidade do teclado virtual em uma tela totalmente táctil e, graças ao autocompletar e sugestões de digitação preditiva, era na verdade mais rápido do que no meu velho G1.

    E muito mais tarde, por volta do início da pandemia quando precisei começar a trabalhar de casa – o que significava filmar todos os meus próprios vídeos de análise de tecnologia no porão – deixei o Android e comprei um iPhone 12 Pro Max. Li várias análises (obrigado, Patrick) e convenci a mim mesmo que o iPhone seria melhor para fotos e vídeos. Também senti o chamado da turma que desprezei na juventude. Amigos e colegas de trabalho do CNET juravam pela conveniência e tangibilidade do iPhone, elogiando como funcionavam bem com Macs, por exemplo (que eu usava no trabalho há anos).

    Ainda tenho o meu 12 Pro Max e, devo dizer, é um ótimo celular hoje. E há 15 anos, o primeiro celular Android do Google foi um ótimo aparelho para a época. Ele acendeu minha lealdade duradoura, senão eterna, ao Android e abriu caminho para telefones ainda maiores e melhores como a série Note da Samsung e dobráveis como o Galaxy Z Fold 5. Provavelmente nunca mais vou querer um teclado físico em um celular, mas graças ao T-Mobile G1 sempre terei um pouco da credibilidade geek anti-Apple.

    Este artigo foi originalmente publicado em 2018, quando o autor ainda estava no Android, e foi atualizado com detalhes adicionais.