- A agência IARC da OMS declarará o aspartame como “possivelmente carcinogênico” no próximo mês.
- A agência IARC avalia apenas a periculosidade de uma substância, não o risco real.
- A avaliação de risco do aspartame é feita pela JECFA da OMS e pela FDA nos EUA, que o consideram seguro para consumo humano.
A agência Reuters divulgou ontem que a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarará o aspartame como “possivelmente carcinogênico” no próximo mês. No entanto, isso não significa que você precise vasculhar sua despensa e jogar fora qualquer alimento sem açúcar que contenha o adoçante artificial. Por quê? Porque a IARC não é a agência que os consumidores devem ouvir em relação à segurança alimentar. A IARC apenas avalia a periculosidade de uma determinada substância, e não o risco real. Por exemplo, há um risco de um meteoro destruir a Terra ou o sol causar câncer de pele. Mas isso não é o que importa para a pessoa média. O que importa é o risco real de um perigo acontecer. Existem milhares de meteoros no espaço, mas apenas aqueles que estão se aproximando da Terra representam um risco. Os raios do sol são perigosos, mas você pode reduzir esse risco usando protetor solar, roupas protetoras e evitando camas de bronzeamento.
A IARC analisa os dados sobre uma substância e então declara se ela é carcinogênica, provavelmente carcinogênica, possivelmente carcinogênica ou não classificável. Tecnicamente, isso significa que qualquer substância que ela avalie não pode ser considerada não carcinogênica. É por isso que a IARC pode listar coisas como “bebidas muito quentes”, aloe vera e poeira de madeira como possíveis causas de câncer, mesmo que o risco real de desenvolver câncer a partir desses itens seja baixo. A IARC avalia apenas a periculosidade de uma determinada substância, não o risco real.
Então, quem avalia o risco e para quem você deve procurar orientação em relação à segurança alimentar? Na OMS, essa tarefa cabe ao Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA). Nos Estados Unidos, é também da responsabilidade da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA). O JECFA considera o aspartame seguro para consumo desde 1981, enquanto a FDA também o considera seguro para a população em geral. Em seu site, a FDA afirma ter revisado mais de 100 estudos sobre o aspartame e que a agência reavalia a sua segurança sempre que há objeções às suas utilizações aprovadas.
Por que, então, há uma agitação renovada em relação ao aspartame? Um problema é o fato de que tanto a IARC quanto o JECFA estão revisando atualmente o aspartame e estão preparados para publicar seus relatórios em 14 de julho. O momento também foi sinalizado por agências de segurança alimentar, incluindo a FDA, como potencialmente confuso para os consumidores. “Em nossa opinião, uma revisão concomitante do aspartame pela IARC e JECFA seria prejudicial ao processo de aconselhamento científico e não deveria ocorrer”, escreveu a FDA em uma carta para a OMS no verão passado. “Acreditamos que o JECFA é mais adequado para avaliar qualquer risco associado ao consumo de aspartame e deve ser a entidade líder da OMS na avaliação e fornecimento de recomendações de saúde pública sobre a segurança do aspartame na alimentação.”
A carta continua explicando que a agência vê o processo de revisão do JECFA como mais confiável do que o da IARC, pois esta apenas analisa dados públicos. JECFA avalia todos os dados disponíveis, públicos ou não. Também aponta que a revisão do aspartame pelo JECFA foi proposta em 2021 e endossada por 188 países. “JECFA, FDAe outrasagências regulatórias de segurança alimentar em todo o mundo concluíram que o aspartame é seguro para o consumo humano”, afirma a carta.
Em resumo, a declaração da IARC de que o aspartame é “possivelmente carcinogênico” não significa que o adoçante artificial seja perigoso para consumo humano. A avaliação de risco para o aspartame é feita por agências regulatórias de segurança alimentar como a JECFA da OMS e a FDA nos EUA, que o consideram seguro para consumo humano. É importante lembrar que a IARC avalia apenas a periculosidade de uma substância, não o risco real, e que a avaliação de risco é uma consideração importante para determinar a segurança alimentar.
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